Da história ribeirense do século XIX é de assinalar a construção da ponte pênsil a montante da Barca da Trofa inaugurada em 1858 A ponte Pênsil, da responsabilidade da Companhia de Viação do Minho, estava suspensa sobre o rio – daí o nome – e apoiava os seus extremos em dois enormes Pegões de granito, de altura até ao nível do pavimento da estrada. Estava suspensa por cordões aramados presos e cabos de suspensão, que tinham os seus extremos nas casas dos portageiros. Foi demolida em 1935, por não reunir as condições de segurança necessárias e por ser demasiado exígua. Mas deixou a sua presença bem marcada durante mais de meio século, tornando-se, por via da sua elegância e beleza, um verdadeiro “ex-líbris” da região, assim recordada actualmente tanto por trofenses como por Ribeirenses. Em seu lugar iria ser construída a actual ponte de cimento armado, melhor preparada para o intenso tráfego de uma região e um País em desenvolvimento.
Manuel da Costa Pereira Serra nasceu a 6 de Julho de 1894, em Mosteiro, São Martinho de Bougado, filho de José da Costa Pereira Será e de Ana Dias de Araújo. Nas horas de nostalgia, este Bougadense de São Martinho, dedilhava o cavaquinho, seu companheiro das melancolias. Afinal nem todas as horas são alegres na vida de uma pessoa.
Nos seus versos Manuel da Costa Pereira Serra – era assim que ele os assinava – mostrava-se defensor acérrimo da sua terra e dos seus valores, até com uma certa graça.
Ponte Pênsil da Trofa
Eu vou contar uma história
Sobre uma ponte de pau,
Lembrada ponte da Trofa,
Antiga ponte do Vau.
Esta é já tão antiguinha
Como a história da Barca;
Também era conhecida
Por ponte pênsil da Barca.
Mas agora o que não lembra,
Deixemo-nos de ilusão,
É que essa bonita ponte
Se chame de Ribeirão.
Eu cá sempre ouvi chamar
E tenho visto na história
A ponte pênsil da Trofa,
Se não me falha a memória.
Agora caros amigos,
Esta é mais disparatada:
Credo! Uma ponte de pau
Também ter de ser crismada!...
Quer de um lado quer de outro
Parece ser pretendida
Os da Trofa e Ribeirão
Pela ponte dão a vida.
P’ra todos ficar contentes
Não andar de cara ao lado,
Ah! Parte-se ao meio a ponte
Ribeirão leva um bocado.
Nesta poesia está o reflexo da cobiça que houve nos anos trinta – fim do seu reinado – à ponte pênsil por gentes da Trofa e de Ribeirão. Neste poema está um bom naco do quotidiano de uma geração. A região teve então em Manuel Serra um poeta humorista que sabia tratar as coisas com graça e subtileza de modo a levantar as questões sem melindrar qualquer das partes.